Ampulheta

Ampulheta

Bebo na fonte da vida

Para atenuar a sofreguidão da minha sede

Água refrescante que acalma e alivia

Como uma massagem precisa e relaxante

Após a desenfreada correria

Na atribulada maratona da vida.

Cada jornada é mais um passo

Que vai enchendo a ampulheta

Os finíssimos grãos de areia

Ininterruptamente a tombar

Acumulam-se na parte inferior

E não há forma neste jogo

De lhe dar a volta para a confundir.

Sempre caindo, amontoam-se os anos

Bons, maus, razoáveis, tanto fazem

Na amálgama dos momentos

Tudo se complementa, tudo se esvai

Como uma pedra de gelo que se liquefaz

Ao sol escaldante da efemeridade.

Assim estou eu

Para lá do meio do meu tempo.

Moisés Salgado