Os versos que te regalei
Queria poder escrever-te, hoje à tardinha,
Durante a sesta da melancolia,
Que nos cantos da cigarra adormece,
Uns versos pintalegretes, joviais...
Queria poder escrever-te, mais à noitinha,
Nas fronhas dos rendados travesseiros,
Uns versos amorosos, alvissareiros...
Mas morrem na tinta da minha pena,
(Aquela com que, agora, te escrevo)
Se a angustia sapateia, em vestes de brim,
no lajedo das pulsantes cordoveias,
Os versos que te queria escrever!
Se a melancolia não mora no meu seio,
Diz-me então, amor, por que são tristes
Os versos que sempre te regalei?...