Quem sou eu?

(poema antigo, mas ainda me reflete)

Quem sou eu?

Sou a vida

e a morte,

o tudo

e o nada...

Sou a imperfeição de ser.

Há perguntas

a me abalar

há perguntas

que ficam no ar...

Quem sou eu?

Sou algo assim

meio sem nexo

meio sem dom,

fora do tom...

Sou a negação de ser.

Um paradoxo existencial

que vive a mortalidade

sabendo-se ser

eternamente imortal...

Quem sou eu?

Um infinito não ser

não saber ao certo

e crer ou não crer

e ser e não poder...

Sou o que posso escrever.

Sou este sim

e este não

sou total imperfeita

diante da perfeição...

Quem sou eu ?

Sou o que quero

e não posso,

o que posso

e não quero...

Sou um total contraditório.

Sou aversão

à futilidade,

à almas doentes

à incredulidade.

Quem sou eu?

Sou o reflexo perdido

há muito tempo

sou a desiliusão,

neste momento...

Sou, enfim

o que restou de mim...

Se é que restou alguma coisa.