Refugos Poéticos
Não dormi inspirada em escrever com a tinta-sangue do meu ser
A poesia mais intrínseca, com extrato de alcaçuz e a rima mais bonita
Da minha essência framboesa e macadâmia surgiram tulipas lilases
E a flâmula incandescente do meu palpitar ejaculou uma prosa poética
Sorvendo luzes coloridas, constitui um jardim suspenso em meu céu
E, o cheiro de mato molhado dispersou o fio da minha escrita
Em transe hipnótico, sorvi o universo inteiro numa respiração profunda
Todo o universo se calou em respeito ao momento tênue e movediço
E as palavras esconderam-se em refugos de monges eruditas
Algumas simplesmente deram as costas e seguiram
Do meu extrato sentimental, quimeras sacrossantas me fitaram
Acariciaram a minha face e subitamente voltei aos meus rabiscos
Enquanto palavras lascivas ajoelhadas se ofereciam como meretrizes
Outras palavras maltrapilhas me buscavam...
Busquei aquelas que me repeliam, e perguntei o seu nome e o seu signo
Elas sorriam com nuances florescentes exalando perfume de alfazema
E, viraram borboletas de seda brincando no meu jardim suspenso de tulipas
Talvez um rastro, uma semente, para este poema de improviso.