Madrugada

É noite, outra noite que na minha vida adentra

Há pessoas indo embora, esperam coletivos nas paradas

Terra noturna, da magia se alimenta

E eu um poeta com insônia, poemas da madrugada...

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Muitas luzes acendem, muitas outras se apagam

Caminhões roncam no silêncio noturno da estrada

Faróis acesos, luzes que se deflagram

E eu sigo escrevendo, e ainda é madrugada...

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No movimento noturno, uma vida selvagem

Nos cabarés, a nudez que não será castigada

Um enredo taciturno quebrado pela aragem

Sons madrigais, a linguagem da madrugada...

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Conscientes coletivos sonham com a liberdade

Há um relógio parado, e nele uma hora calada

Argumentos do tempo revelando uma verdade

E a noite segue agindo, seu cognome, madrugada...

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Atmosfera de melito, adocicando um bem querer

Amores que brigam, amores de mãos dadas

Um écran luminoso, em que todos podem ver

Que a hora passa, mas ainda é madrugada...

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Criaturas noturnas, fantasmas iluminados na escuridão

Morcegos voam, corujas mantém-se acordadas

O mundo do medo, uma possível assombração

São elementos compartilhados da madrugada...

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Há sentinelas vigiando as ruas

Bêbados tropeçam pelas calçadas

Noite escura, as nuvens escondem a lua

E eu não durmo nesta longa madrugada...

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Noites de verão, ondas de calor

Noites de inverno, dolorosas, tão geladas

Noites de primaveras, um cheiro de flor

E eu escrevendo, e ainda é madrugada...

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Jornaleiros entregam jornais no lúrido

Luzes apagadas, lâmpadas que estão queimadas

A TV saiu do ar, na tela um estranho colorido

A noite não termina, e ainda é madrugada...

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Corpos encontram-se no amor, um leito sensual

Beijos na boca, um aroma de pele suada

São desejos quebrados, um amor fora do normal

Movimentos de amor, que agem na madrugada...

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O sono não chega, sou um observador da noite

Estrelas no céu, uma noite enluarada

A cama quebrada, a insônia que me toma de açoite

E meus versos, seguem escritos na madrugada...

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Um desgaste emocional que me consome

Versos alexandrinos ressonando ao nada

Leite com bolacha para enganar a fome

E sigo acordado, até terminar a madrugada...

Marco Ramos
Enviado por Marco Ramos em 09/06/2005
Código do texto: T23332