Fábula
Olhava o rio porque acreditou no que havia lido:
Que o seu grande sonho chegaria num peixe dourado.
Então, guardou na boca um beijo doce e adormecido
Para entregar àquele que seria seu príncipe encantado.
Saiu desesperada atrás de um raio de lua
Para iluminar na areia as estrelas riscadas a dedo.
Cantou uma canção que era sua
Contou ao coração mais um segredo.
E as águas passavam calmas como a sua vida.
No peito sentia a dor pela longa espera.
Chorou porque se viu tão esquecida
Como uma flor em plena primavera.
Viu por mais uma vez o seu coração cerrado
Sem príncipe, sem estrelas...só um leito vazio.
Melhor seria nunca ter sonhado.
Melhor seria nunca ter visto o rio.
E decidiu então por aquele dia sofrido
Por lágrima nenhuma acreditar em mais nada.
No que ela acreditou (em que havia lido)
Era uma estória de uma fábula encantada.