A minha vida em quadrinhos

Para o alto e avante! Gritava eu em cima da telha

Da minha casa. Nas costas a capa vermelha,

Uma camiseta azul e um “S” no coração

Descobri depois que voar mesmo era ir correndo pelo chão.

Ser Hulk? Jamais! Logo eu, um menino franzino.

Eram músculos demais para um homem, não para um menino.

Na piscina quase cheia em dias de calor

Eis que me transformava em Aquamam ou Príncipe Namor.

E se o problema em relação ao meu tamanho era maior,

Na caixa de ferramentas de meu pai estava lá o martelo de Thor.

Aventura heróica e quase incrível

Sempre foi pegar da Mulher Maravilha o seu avião invisível.

Emprestado, claro, ao contrário da minha vizinha histérica

Quando eu lhe “roubava” a tampa de sua lixeira para virar o Capitão América.

Fui um tanto quanto maluco e cheio de brincadeiras estranhas

Tipo: eu e um amigo dissecando algumas aranhas.

Tentando virar adivinha quem? Claro, Spider man.

Fora os monstros (imaginários) quando passava a ser o Ultraman.

Numa luta eterna e constante

Eu me transformava em tudo, até em Robô Gigante.

Num grande bosque atrás de minha casa pela manhã

Pendurando cordas nas árvores pronto para virar Tarzan

E em alto e bom som soltava aquele berro

Já a tarde, enrolado em papel alumínio, estava lá eu ,o Homem de Ferro.

Nossa! E quantas vezes fui atacado por um lado irônico

Com seis milhões de dólares no corpo sendo o Homem Biônico?

Gostava de Speed Racer, mas me sentia muito mais feliz

Quando com meu carrinho de rolimã, eu era o seu irmão mais velho, o Corredor X.

Morava em Jacarepaguá nesta época e veio então Guerra nas Estrelas.

Paixão a primeira vista como é até hoje. E das aventuras que pude vivê-las

Fui Luke Skywalker por um tempão

Mas paixão mesmo sempre foi ser Darth Vader, o maior vilão.

Meu sabre de luz, um artefato complicado

Foi feito com um pedaço de vergalhão enferrujado

E nas criatividades que sempre me vinham depois

Com uma lata de leite condensado, fiz meu primeiro robô, o R2D2.

Maurício, Marcos, Mauro e Canjica . Meus amigos deste tempo que se despista

Éramos pilotos de uma Corrida Maluca, e uma briga surgia para quem seria Dick Vigarista.

Ô tempo bom! Tempo este que só a saudade irá manter

Fico às vezes com raiva por ser natural o ser humano crescer.

Nunca ninguém disse a infância ou mesmo a adolescência

Que esta é a melhor fase da nossa inocência?

Hoje vejo tantos heróis que ainda não vivi!

Todos um dia irão morrer assim como morreu Bruce Lee?

Quem nunca teve seus Carangos e Motocas?

Ser um Homem das Cavernas morando em "tocas"?

Quem num momento de alma tão nua

Nunca entrou numa Apollo XI para colocar os pés na lua?

Ser herói hoje é viver numa grande labuta

Que não há Bat sinal numa Gotham City oculta

Onde políticos vilões e cheios de preguiça

Derrotam qualquer Liga da Justiça.

Acho que agora preciso é ser mais que verdadeiro:

Ser herói mesmo é ser um cidadão brasileiro!

Salvando a própria vida com um pouco de sorte

“ Não tema quem te adora a própria morte”

E aqui em minha casa eu e meu cachorro com muita emoção

Somos uma dupla que ainda insiste em sermos Falcão Azul e Bionicão.

Geraldo Lys
Enviado por Geraldo Lys em 22/06/2010
Reeditado em 31/05/2019
Código do texto: T2334086
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