ODE À ANNA JATOBÁ

Será que foi você, jovem, mamãe e árvore de madeira útil,

De família de classe média e acima de qualquer suspeita?!...

Ou aquela madrasta má que adoramos idealizar nos contos

De fadas e novelas, protagonizando uma tragédia que envolvia

Um anjo arremessadao de um sexto andar?!...

Foram voces selados por uma jura e que motivados pela loucura,

Reescreveram suas vidas comuns com a tinta negra desses jornais!

Não foram voces que voltavam de um shopping, celebrando mais um sábado como tantos outros anônimos e felizes!

Não foi você que chorou, não foi você que jurou, não foi você

Com aquela blusa de Mickey e nem você em seu papel de papai!

Carolinas que choraram pelo corpo de um anjo caído!...

Jatobá de madeira de lei, encarcerado, decepado

E inútil como uma figueira amaldiçoada por Jesus!

Não foram voces naquele sofá, confortáveis e inconsoláveis tentando

Evitar o inevitável e explicar o inexplicável!...

Foram voces no desconforto da caçapa daquele camburão, seguindo pela vida na contra-mão, à caminho de uma dura condenação!

Vários dias de um julgamento que na verdade não caberia a nós!...

Vários dias para se concluir o inacreditável e a inadimissível verdade

Tão atroz!...

Não foi você por quem por um minuto acreditei na inocência!

Foram voces condenados a trinta e alguns anos, enquanto aquele

Pequeno anjo desfalecido e interrrompido, agora sorri na eternidade!

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