Queria
Queria sentir o peso das mãos pousadas
Sobre as minhas repousadas
O cheiro almiscarado do pecado
Em conta gotas revelado
Sentir a pele que me veste sem censura
Em acordes de loucura
Queria no meu seio aconchegado
Murmurando um poema encantado
O menino grande acanhado
Quem em mim sonha acordado
Queria ..só queria
Uma nesga de alegria
Me sentir amada e protegida
Desse frio sem guarida
Que recobre minha carne frágil
Queria um beijo fácil
Que rompesse a armadilha do destino
E nas procelas dançando em desatino
Me trouxesse o amor e seu feitiço
Enquanto ainda tenho viço
Queria enganar meu medos
Gritar alto meus segredos
Vencer as últimas fronteiras
Essas enormes cordilheiras
Que me atiram no precipício
Onde amar é meu vício
Queria a vida que em mim se agita
Correr nos dias como na escrita
Perfumar as horas frias
Varrer as nostalgias
Beber o licor melado
Com o amor do lado
Queria o que não conheço
O amor sem preço
Que me chegasse de surpresa
E que me levasse presa