[Careço de um Fardo]

[- "...não sabe o que procura."

- "Procuro um fardo."

-"... Suporte o fardo. Do contrário não há mérito"

Dostoievsky, "Os Demônios"

Sou parte de uma fugaz máquina errante

que ainda há pouco passou pela estrada;

vibro, estou quente, e vige ainda em mim

a sensação do contato com o todo que foge.

Porém, se a máquina continuou sem mim,

então, ou bem o meu papel era inútil

e tudo que fiz não passou de ilusão,

ou então, outro já tomou o meu lugar.

Cá estou, largado na poeira da estrada,

demorando os meus sentires sobre o nada,

o sal das minhas lágrimas a secar-me na face...

Mas tenho ânsia — careço de um novo fardo!

[Impossível viver para sempre na crista da fantasia!]

[Penas do Desterro, 04 de julho de 2010]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 04/07/2010
Reeditado em 22/04/2012
Código do texto: T2357007
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