Não há verso sem promessa

Não há conveniências a se fazer

Se é alma e pede, suplica,

Morre tão rápido quanto ressucita

E logo ali no amanhã

Já não há chance de temer.

Não há cortesia senão o sorriso

Ainda que não seja assim, preciso,

Pelo que me detém (como sempre deteve)

Como um juramento de quem escreve

E marca! Não há beleza sem sorriso.

Não há olhos habituados à noite

Que não recue à luz do dia

Que chega como manta fria

E avisa a hora de viver

Já que relógio plantado em meu peito

só perde a hora se algo temer.

Nada! Não há nada que seja real

Eu vejo a vida assim dizer

Confundo lágrima, sorriso,

O que almejo, o que preciso

Entro no trem já sem destino

Pois só o tempo,

Lugar nenhum hei de temer!

Já não há verso que se pague

Nem desabafo que se cale

Se vale o peito, o sangue todo

E pouco importa se já tolo

Diz o que quer, o que não deve

Pois não há limites na entrega.

Não há palavra pra descrever

O que a noite há de mostrar

E o poeta frio, louco, manso

Que pena por qualquer avanso

Depois do beijo cheiro álcool

Já não há versos a fazer.

Júnior Leal
Enviado por Júnior Leal em 05/07/2010
Código do texto: T2359822
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