O Cemitério dos Desamados

Pra onde eu fui, não queiram saber

O cheiro, a cor, as vozes, a miséria

Onde qualquer alma foge à matéria

Dali, inferno algum há de temer.

Estive por hora ali entrelaçado

Voltas de um mundo não sincronizado

E ao lado a saída tão distante

Tão paralela, aparência insignificante.

Estive no poço do mundo, onde fui

Abaixo dos terços e destilados

Perdido em momentos, grito calado

Nenhum ato bom, nenhuma palavra flui.

Ah, e os belos canteiros ali ao lado

Paralelo, aparentemente sem glória

Canteiros que seriam o fim da história

E foram, com um final consagrado.

Pra onde eu fui, não queiram saber

Aparentemente sem volta, a tensão

Onde eu tapei o meu coração

Pra, sem visão, e só assim, sobreviver.

Não queiram saber, pois não há

De se cair na tentação das aparências

Como um amor e suas triste consequências

Vos digo, não há perdão a quem ficar.

Que mundo é este? Onde ele fica?

Preserve teu jardim, tua flor e perfume

Preserve hoje teus bons costumes

Pra onde eu fui, não há mais vida.

Júnior Leal
Enviado por Júnior Leal em 06/07/2010
Código do texto: T2360734
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