OLHOS D'ÁGUA

Quando o dia anoitece

E flechas de prata ferem meu peito

Entrevejo arco-íris noturnos

Do orvalho a gotejar.

Um olho d'água começa a chorar...

Quando haloados navegantes

Harmonizam o plexo solar,

A dor entorpece minh'alma

Adormeço com o canto lunar.

Um olho d'água começa a chorar...

Retirada a venda do terceiro olho

viajo no rabo do cometa,

E traspasso o universo

Na velocidade de um pulsar.

Um olho d'água começa a chorar...

Na descida ao corpo denso,

Escorrem por entre dedos

Inimagináveis tesouros,

Como um rio que corre pro mar.

Um olho d'água começa a chorar...

E quando um novo dia amanhece

Em sabedoria, luz e calor,

O universo se faz música

Nas mãos do meu Criador.

Meu olho esquerdo começa a chorar...

Antonio Virgilio Andrade
Enviado por Antonio Virgilio Andrade em 10/06/2005
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