O Fruto da Sombra

eu venho de longe, trazendo todos esses traços

caminho confuso e diariamente ferido

sou a lágrima que corre na face de Deus

sou a palavra não dita nesses sonetos criativos

eu sou o abraço não dado no filho querido

sou o adeus do amante, a dor da despedida

sou a alma nua que desce da montanha

que se torna mar e céu, pra voar!

e eu caio...

as gotas dessa chuva lavam minha memória

um triste ser esquecido no canto escuro de algum coração

sou a mancha na sua ternura, o dia sem o amanhã

sou o ser que vaga no deserto das probabilidades

eu sou o choro da criança, o silêncio da morte

sou o amor esquecido, sou o luar sem estrelas

sou o poema sem vida, a arte sem alma

a canção sem voz que busca seus lábios

e eu caio...

o mundo me vê como teme ser

as pessoas não entendem a dor da redenção

esse ser que erra nessas ruas vazias

buscando o elo entre ser e existir

mas o mundo não vê

como o espírito chora

longe de casa, longe do início...

o que fizeram de nossa casa?

onde deixaram nossos ideais?

onde foi que tudo perdeu o sentido?

por que silenciaram suas almas?

grite! grite!

acaso Deus também não chora?!

jogue essas palavras ao vento, semeie eternidade!!!

debruço-me no seio da terra e toco sua dor, acalantando o fruto de seu ventre eternal!!!