Horizonte doentio

Horizonte doentio

Sandra Ravanini

Apagar-te, sonho de harmonia que ruiu,

olhar as manchas da maldade que empesta

o riso solidário que ninguém sentiu,

e ver o desenho da ira na linha infesta.

Desgraçar-te ainda mais, boca ressequida,

invocando o tenso horizonte doentio,

desesperançando as cores da dor que viu

o espantalho cerzindo um retalho à vida.

Envelhecer-te em betume, ruída linha

que encontra a secura na tensão desse fio

tecido na pele, um desenho que me viu,

buscando o fim do eu no riso que definha.

Desenhar-te, seco horizonte doentio,

alazarando a boca do meu espantalho

nas chagas tantas dos sonhos de retalhos

cerzidos no olhar das linhas que ninguém viu.

23/01/2010