Almas de estuque
Almas de estuque
Sandra Ravanini
Degenerada sobre pele esfiapada,
incógnita andarilha que procura
uma via onde ninguém note a esconjura
da desmoda que veste a corpórea expiada.
Assumir das vitrines o emblema fixo,
paralíticas sarcastas, mágicas
almas de estuque, tão belas quão trágicas,
sorrindo ao reflexo desse estranho lixo.
Imóvel assim; na absurda canseira
do primeiro dia, o ritual edificante
que me marca, a amostra insignificante
da esperança que me encontra em meio a sujeira.
Degenerada vitrine; almas de lixo,
a paralítica espelhando a sujeira
do meu ritual de estuque, pele primeira,
vestindo a esperança do esfiapado bicho.
27/07/2009