O instinto foi extinto

O instinto foi

Extinto.

Instinto distinto

Da coragem.

Miragem de atitude

Na solitude das coisas que me restam.

Mais insisto

Resisto.

Empunho um Dom

De não ser dono de nada.

Sou filho, irmão, primo,

Da loucura que me faz

O que sou.

Um meritíssimo sem vestes requintadas

Mais digno.

Um supremo comandante

Do entusiasmo ainda vivo.

Sou Pai, tio, sobrinho,

Da loucura que me faz

O que sou.

Um desnaturado

Que atura.

Um reflexo complexo,

Mas com nexo.

O instinto

Foi extinto.

Instinto distinto

Da plenitude.

Um monarca sem marcas

Mais humilde.

Sou amigo, parceiro, amante

Da loucura que me faz

O que sou.

Nas migalhas do consciente

Muito ciente.

Convalescente do entusiasmo,

Armado e menos amado.

Sou fiel, grato, favorecido

Pela loucura que me faz

O que sou.

Brilhante em cada instante

Mesmo ausente

Estou presente.

O instinto

foi extinto.

Instinto da percepção

Que conjuga a ação.

Recriminado pirado

Mas curiosamente honesto.

Sou conduzido, induzido, produzido

Pela loucura que me faz

O que sou.

Gente emergente

Do corpo docente

Dos ilustres.

O instinto

Foi extinto.

Instinto da labuta

Que conjuga a luta.

Sou o corpo, a alma e os pés

Da loucura que me conduz.

E traduz

O instinto.

Sirvo a vida

Em copos descartáveis

E assim comemoro a loucura

Que ainda me faz viver.

Esse é um escrito antigasso.. do tempo que a loucura ainda me perseguia, hoje ela não mais me persegue, ela anda comigo do meu lado, vamos a feira, trabalhamos juntos, saimos juntos, comemos e bebemos juntos...