Hoje

Hoje

Hoje não há ontem

Nem fome de amanhã

Só esta presença física

Na metafísica da mente.

Hoje não há céu cinzento

Nem nuvens carregadas de incertezas

Só um sol brilhante e límpido

Assobiando na brisa do tempo.

Hoje não há pesar

Nem lágrimas, nem prantos,

Há sim a delicadeza e o encanto

Dos corpos que rodopiam ágeis

Ao soprar do vento pelos campos.

Hoje não há dor

Nem feridas, nem sangue,

Antes o sarar das maleitas acumuladas

Ao longo das jornadas conturbadas

Que se esvaem na tarde estiolada.

Hoje só há hoje como porvir

E o imperturbável bater dos segundos

No presente sem passado nem futuro

Que nos pauta o desacertado passo.

Moisés Salgado