Trigais vêm me ventar teu nome na boca

Pela janela do carro
campos matas e gadario
vêm me falar em ti

Emoldurados pelo sopro divino
trigais em tempo de colheita
vêm me ventar teu nome na boca

Pelas portas de meu peito
abertas pelas cores do arco-íris
teu nome me invade o sangue

A vida verde de tudo o que se vê
parece ser primavera todas estações
As findas e as vindouras
O sol pulsa e brinca no pasto
Pasta arrozais

No momento em que Deus
desfaz-se em água, verde e amplidão
teu nome é a canção que ouço

Cada suspiro do mundo
gestado no ventre do horizonte
soma-se à minha vida tomada de ti

No céu as plantações de algodão
movem-se de lugares e cores
Umedecem de sombras
o descanso do gado e dos pássaros
que vêm florescer em mim o teu corpo

Terras áridas e sulcadas
preparadas pelo aço dos tratores e arados
recebem semeaduras
Logo serão alimentos à fome do mundo

No solo onde toda vida se vê
há o subsolo que se esconde
Há água salvadora
para tua sede e da humanidade

II
Estaciono o carro
Deixo de ser observador da paisagem
para diluir-me nela
Sou paisagem contigo

Todo o encanto
é alguma parte do teu corpo:
planícies montes lavouras cavernas
Vidas animal vegetal mineral mulher

Céu solo e subsolo
Partes de ti, agora partes de nós

Minhas mãos acariciam
o trigo de teus cabelos
É doce a água de tuas lagoas e açudes
onde bebo teus sumos e sucos
com meu corpo voraz, sedento de ti



                         Lançamento na 52ª Feira do Livro de Porto Alegre 
                         Dia 31 out 06, terça-feira. Das 19h30min às 21h30min 
                         – Pavilhão Central 
                         Saiba mais sobre o autor: 
                            www.recantodasletras.com.br/autores/rossyrberny                         
                          www.editoraalcance.com.br/ROSSIR.HTM


Rossyr Berny
Enviado por Rossyr Berny em 10/09/2006
Reeditado em 10/09/2006
Código do texto: T237155