Abstinência

Abstinência

Sandra Ravanini

Pobre do santo que sonhou em inocência,

que buscou o destino em um mundo sem saída,

despertado instante na face oprimida,

expressando a bênção tanta abstinência.

E vagar no frio de uma lágrima caída,

amanhecidas águas do esquecimento,

manchando o sorriso na ira do momento

em que da boca transbordou a gota traída.

Pobre do sonho acordando na partilha

da discórdia, os mesmos assustados rostos

de um mundo avesso, sorrindo ao manso oposto,

ferindo os lábios na boca da armadilha.

E rasgar o arbítrio, tanta ira assinada

em lágrimas silenciosas, frio destino,

despertando a bênção no instante assassino

em que a boca beija os lábios da emboscada.

06/12/2009