Declaração
Prefiro meus eternos monólogos aos diálogos.
Sempre abafei as palavras nas páginas,
Fui sempre carcereira intransigente dos meus versos.
Deixar que outros leiam-me
É como fazer uma declaração de amor:
Minhas mãos tremem, meus olhos
[prendem-se ao chão
(E eu nunca me declarei - não com palavras).
Tenho medo do que vão achar,
Tenho medo de que me achem,
De que me vejam,
De que me descubram.
Sempre escrevi.
Publicar dói, porém;
Dói como se declarar.
Sinto-me nua;
Nua no meio de estranhos.
É preciso coragem
Ou máscaras
Ou véus.