Engasgado

Um sonho engasgado, dormiu no meu peito

Tantas pontas tinha o danado;

Que me fez em tiras, o peito dilacerado.

Dentro desse sonho perfeito,

Guardei desejos desesperados;

A fala rouca, a fina flor exposta

Em camadas mutiladas de saudade.

Doeu tanto que cresceu arranhado,

Apertado e sem proposta.

Quando me acenava de felicidade,

Na poça de sangue derramado;

Brindei com um aceno breve,

Cerzi os rasgos com coragem

E bem antes que recobre a razão,

Me espalho em pedaços na brisa leve;

Meu prenúncio de estiagem,

Recheado com acessos de solidão.

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 10/06/2005
Código do texto: T23768
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