A moça da vidraça...

As lágrimas soltas... Feito pérolas, escorrem pelo rosto...
A moça abre a janela, olha a chuva... Desliza feito água, em pensamentos que se agrupam, na vidraça embaçada...
Onde estarão as flores? O vento... A magia que encontrara...?...
Faz um coração em sopro... Imagem acústica retratada...
Despe-se das amarguras... Pensa em sorrir novamente... Volta os olhos para o oceano... Mas, diz, a si, o que não sabe... Armaduras.
As lágrimas soltas dizem baixinho ao seu umbigo que o mundo é proibido... Que a arte encontra o pó...
E nas curvas do seu corpo, percorre o calabouço como quem os sonhos destrói... Seca o rosto, engole o choro... E, na vida, encontra-se, mais uma vez, só.
As luzes se acendem... Dizem a ela, sorridentes, que o caminho é o mesmo... Que as ilusões desgastam.. Que o vidro vira aço... No esconder dos lençóis.
Mas, o que vibra em seu peito fala em tom alto que os pés se curvam ao asfalto... Que tem nome as voltas que deu...
E, no rasante suspiro se encolhe... Molda a boca num sorriso falho... E sucumbe as teias que amarrou...
Tangencia a loucura... Ventre pulsa... E a voz mente... Na surdez que se aproxima... Não escutam... Não entendem...
Varre as ruas, num só susto... Diz ao passo "só lamento"... Diz as mãos que se segurem... E, aos pulsos, lança o absurdo.

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