Poema didático

Todas as mulheres que amei... Ah, as mulheres que amei... Cada uma com sua peculiaridade, mas todas pareciam, ao mesmo tempo, agirem da mesma maneira...

Os pedidos, os olhares, as conversas, os beijos, os gemidos, os sonhos... As mulheres.

As novas se sobrepõem às antigas. Mas se encaixam exatamente no mesmo espaço, no mesmo vazio da cama, deixando os lençóis exatamente na mesma posição. E se espreguiçam de manhã, e nos olham dentro da alma pela manhã. E nos dizem, com as coxas, as mesmas mentiras que as outras disseram.

E nos enganam docemente, suavemente, loucamente, até irem embora. E com elas levam seus cabelos loiros, morenos, ruivos, castanhos, tingidos de todas as cores do desejo.

Ciclos.

Foram todas assim, e vieram, e amaram e se foram.

Na verdade, sem romantismo algum. Quem disse que as mulheres são românticas? Nunca foram. São os seres mais realistas que já conheci. Cada uma com seus próprios medos, manias, anseios, desesperanças. Todas com esses mesmos sentimentos, como se fossem uma só pessoa, vista de ângulos distintos.

Esse texto não vai a lugar nenhum, as mulheres não vão a lugar nenhum – elas sempre estarão aqui, à disposição, mas apenas para momentos e instantes – a vida em si também não vai a lugar nenhum – ela é feita de instantes e momentos –

Nós não vamos a lugar nenhum, somos apenas um meio.

E o que aprendi com e sobre as mulheres se resume nisso