INTERVALO
Colegas e amigos leitores,
permitam-me, enquanto me preparo para outros textos,
ousar este intervalo. Espero que gostem.
CREPÚSCULO
(Indriso)
Pálida, a tarde esmaece. Na rua
as mariposas descem, doidivanas,
com o sol que no horizonte se escurece.
Rompendo o véu da noite, sangra a lua.
E o som de um piano toca as bachianas
angelicais. “Ó Santíssima”, a prece!...
Ao longo olhar de Deus o homem é minúsculo
como a lua e as estrelas num crepúsculo.
ALTER EGO
Despindo-me,
dos comigos de mim eu me desfaço.
Do externo eu,
- Ego assessório -
Rompo o laço.
Frouxa a gravata
- Soberbo envoltório -,
O paletó,
Da personalidade o nó
Desata.
Nu, frente ao espelho,
Ensimesmado, assim
Não me concebo.
No alter ego me ajoelho.
Sem os comigos de mim
Não me percebo.
INSTANTE POÉTICO
Um poeta só é poeta
no poético instante.
Antes,
há uma fissura - ave inquietante -,
a incitar-lhe o corpo,
a perturbar-lhe a alma.
Num momento vão,
voa da mente à mão
e pousa-lhe na palma.
Durante,
perde-se nas plumas – carícias rimadas -,
em penas soltas, peles excitadas.
Faz do papel lençol, grafando amores,
liquefaz-se o sólido em suores,
o verso em ápice
e um momento épico,
rígido, suavizando ardores
em delírio de letras.
Depois,
quando o coração, razão e instinto
nesse ato se consomem
num momento extinto,
de emoção fugaz,
do poeta a poesia se desfaz
e nele fica simplesmente o homem.
GIRASSOL DO TEMPO
Jogo no ar
as cinzas do meu sonho.
No mar,
meu líquido olhar
oceano.
E o girassol do tempo
que em meus dias ponho
como um rondó de Bach
sola um “bachiano”
(Inter) calado em mim
suave e risonho
tocando assim
piano...
piano...
Colegas e amigos leitores,
permitam-me, enquanto me preparo para outros textos,
ousar este intervalo. Espero que gostem.
CREPÚSCULO
(Indriso)
Pálida, a tarde esmaece. Na rua
as mariposas descem, doidivanas,
com o sol que no horizonte se escurece.
Rompendo o véu da noite, sangra a lua.
E o som de um piano toca as bachianas
angelicais. “Ó Santíssima”, a prece!...
Ao longo olhar de Deus o homem é minúsculo
como a lua e as estrelas num crepúsculo.
ALTER EGO
Despindo-me,
dos comigos de mim eu me desfaço.
Do externo eu,
- Ego assessório -
Rompo o laço.
Frouxa a gravata
- Soberbo envoltório -,
O paletó,
Da personalidade o nó
Desata.
Nu, frente ao espelho,
Ensimesmado, assim
Não me concebo.
No alter ego me ajoelho.
Sem os comigos de mim
Não me percebo.
INSTANTE POÉTICO
Um poeta só é poeta
no poético instante.
Antes,
há uma fissura - ave inquietante -,
a incitar-lhe o corpo,
a perturbar-lhe a alma.
Num momento vão,
voa da mente à mão
e pousa-lhe na palma.
Durante,
perde-se nas plumas – carícias rimadas -,
em penas soltas, peles excitadas.
Faz do papel lençol, grafando amores,
liquefaz-se o sólido em suores,
o verso em ápice
e um momento épico,
rígido, suavizando ardores
em delírio de letras.
Depois,
quando o coração, razão e instinto
nesse ato se consomem
num momento extinto,
de emoção fugaz,
do poeta a poesia se desfaz
e nele fica simplesmente o homem.
GIRASSOL DO TEMPO
Jogo no ar
as cinzas do meu sonho.
No mar,
meu líquido olhar
oceano.
E o girassol do tempo
que em meus dias ponho
como um rondó de Bach
sola um “bachiano”
(Inter) calado em mim
suave e risonho
tocando assim
piano...
piano...