INTERVALO

Colegas e amigos leitores,
permitam-me, enquanto me preparo para outros textos,
ousar  este intervalo.  Espero que gostem
.

CREPÚSCULO
(Indriso)

Pálida, a tarde esmaece. Na rua
as mariposas descem, doidivanas,
com o sol que no horizonte se escurece.

Rompendo o véu da noite, sangra a lua.
E o som de um piano toca as bachianas
angelicais. “Ó Santíssima”, a prece!...


Ao longo olhar de Deus o homem é minúsculo

como a lua e as estrelas num crepúsculo.



ALTER EGO

Despindo-me,
dos comigos de mim eu me desfaço.
Do externo eu,
- Ego assessório -
Rompo o laço.

Frouxa a gravata
- Soberbo envoltório -,
O paletó,
Da personalidade o nó
Desata.

Nu, frente ao espelho,
Ensimesmado, assim
Não me concebo.
No alter ego me ajoelho.
Sem os comigos de mim
Não me percebo.



INSTANTE POÉTICO


Um poeta só é poeta
no poético instante.

Antes,
há uma fissura - ave inquietante -,
a incitar-lhe o corpo,
a perturbar-lhe a alma.
Num momento vão,
voa da mente à mão
e pousa-lhe na palma.

Durante,
perde-se nas plumas – carícias rimadas -,
em penas soltas, peles excitadas.
Faz do papel lençol, grafando amores,
liquefaz-se o sólido em suores,
o verso em ápice
e um momento épico,
rígido, suavizando ardores
em delírio de letras.

Depois,
quando o coração, razão e instinto
nesse ato se consomem
num momento extinto,
de emoção fugaz,
do poeta a poesia se desfaz
e nele fica simplesmente o homem.


GIRASSOL DO TEMPO

Jogo no ar
as cinzas do meu sonho.
No mar,
meu líquido olhar
oceano.
E o girassol do tempo
que em meus dias ponho
como um rondó de Bach
sola um “bachiano”
(Inter) calado em mim
suave e risonho
tocando assim
piano...
piano...

LordHermilioWerther
Enviado por LordHermilioWerther em 17/07/2010
Reeditado em 17/07/2010
Código do texto: T2383664
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.