Perder a hora...

O relógio marcava mais de um tempo... Era ele o entremeio dos ponteiros...
Se juntos, badalada; ou metade anunciada.
Meia-noite... Seis e meia.
Há os quintos e inteiros... Mas, não tocam da forma intensa que procuro... Seresteio.
Dois caminhos, um só desfecho... Circular em torno de si mesmo.
Perder a hora do Amor... Do momento certo de ser feliz?... Quem, em sã consciência, tiraria os olhos do tic-tac da vida escolhida.
Passeei pelas esquinas... Dobrei algumas e guardei outras para lançar os olhos mais tarde... Quem sabe, com tantas linhas posso amarrá-las em um pé de escolhas.
Sentei-me a colher o dia... Percebi, em recortes, o psicológico fluxo.
Poderíamos... Mas, não somos escolhidos pelo futuro que ainda vejo.
Decidir o rastro...
Peneiram-se e filtram-se as horas gastas... Extras.
Não corrompi a alma falha... Não iludo as faces que me rodeiam... Um vento forte iluminado pelo manso deslizar das pálpebras.
O relógio marcava mais um terço de hora... Sacudi a poeira dos passos... Amarrei com firmeza cada laço... E soltei os cabelos das fitas.
Posso andar de costas... Sorrir a tempo... Perder a hora da vida é perder o concreto relevo.
Existir é falho... Sentir, ilusório alarde... Incosciente refratário é o sorriso dos loucos...
Unitária ética... Social moral... Embora todos afirmem o contrário conceito... Vejo tudo entrelaçado e feio... O não cortar o umbigo social.
Mudam-se as décadas... Os focos... E a única coisa que não muda é o discurso do medo.
O relógio marca o fim das horas... Juntou ponteiros... Brigou com as corrêias... Ou com os digitais dedos...
Mais um texto a perder-se em marcações sem Verdade.


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