Fado

quando o amor acaba...

só é possível olhar estrelas

... e suspirar,

suspiros...

fantasmas.

e escrevê-los sob uma luz azul-escura no papel.

quando o amor acaba

olhamos a lua, ávidos.

mas ela não nos diz nada.

absolutamente nada.

a copa das árvores

- sinal de escárnio -

nos devora.

sem dó.

tentamos fugir, meu Deus para onde?, levamos as mãos acorrentadas,

[os pés esvoaçantes e rasgados como velhas bandeiras de guerras

[perdidas, nos recortamos em ácido e veneno nos pulmões.

para onde? meu Deus.

ficamos engasgados com uma lágrima na garganta.

engolida em seco. como areia.

(e assim tem de ser, é fado...)

quando o amor acaba, nos resignamos.

e fugimos para Sintra, e pensamos em Byron.

e em guerras eternas a olhar estrelas, suspiramos,

... eternamente a nos dilacerar.

--=--

Lisboa, 2010.