Breve Outono

Ela cai...
Se deixa embalar pelo vento.
Porque será?
Talvez esteja triste!
Será que pensa nessa hora?
Parece leve, tudo passa por ela...
Lembranças, estações vidas.
No vento baila, gira, plana.
Pode ser que esteja com medo
ou quem sabe foge da desilusão.
Sua queda não mais pode ser interrompida,
nem seus olhos poderão se abrir,
sua voz, confundida com a brisa soa despercebida.
Ela cai...
Com a beleza que lhe ornou o tempo,
com a silhueta que perpetuou a espécie.
Da forma pura com que se lançou,
tornou bela a sua queda.
Quiçá o chão lhe ampare de peito aberto
e a terra lhe construa um castelo
onde seus restos poderão permanecer em silêncio
e o tempo venha devorar-lhe o viço.
Ela cai...
Sente o farfalhar ao seu redor,
percebe que se aproxima  a hora máxima.
Ela se entrega de alma, despe-se de toda  pauta
deixando apenas cicatrizes onde fostes gerada...