HORIZONTE DA INFÂNCIA

HORIZONTE DA INFÂNCIA

Construo um navio com nuvens da infância

e meu sonho navega num céu de saudade.

O sol colhendo amoras no sítio da alvorada

um velho engenho recendente da garapa

jorrando da moenda de aroeira adocicada.

As batidas inocentes pelos clarões do céu

e as colinas de assa-peixes floreando paz.

As quaresmeiras roxas, os ipês frondosos

a sombria constância das estradas baldias

os capoeirões dos carrancudos cambarás.

O canto triste dos carros-de-boi cá dentro

do meu peito onde escuto bater a solidão

das porteiras dos apriscos de minha alma

de plantão no abismo da doce melancolia

que assiste o fazendeiro do meu coração.

Construo um navio com nuvens da infância

e meu sonho navega num céu de saudade.

Do murmúrio infantil das águas cristalinas

do crepúsculo nas calmarias do horizonte

por onde fluem os ribeirões da liberdade.

Afonso Estebanez

Afonso Estebanez
Enviado por Afonso Estebanez em 20/07/2010
Código do texto: T2390030
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