Não será a primeira nem a última...
faço cartas que caminham,
porque aqui dentro tudo morre de vontade,
as paredes trincam,
quase o mesmo frio
vara pela janela do quarto.
faço longas cartas,
que sentem um vazio do lado de fora do corpo,
e o coração sai por aquela porta
se segurando na única coisa que o deixa ir...
faço cartas sem resposta,
que desembaraçam-se do papel
como se assim apagasse o que arde.
faço cartas que ficam de fora, puxam o gatilho
e não andam suportando ver voce morrer
na última frase.
faço cartas que esquecem seu nome,
com uma espécie de gosto,
como alguém que conquista o caderno de desenhos.
faço cartas arrependidas,
que querem que fique,
mas o papel é traiçoeiro,
tanto quanto estar cá dentro
sem atalho...
Vania Lopez