Poema para Ti - II

Habitas o silêncio dos meus olhares

Ainda que minhas mãos me delatem

Tem a saudade esta urgência desmedida

Desejosa por ser expressa, anunciada

Grafitando os muros contidos da ausência

Os dedos surpreendem a vigília dos olhos

E é teu nome que transborda na página

Deixando-se escrever nos lábios da palavra

Sobram-me ternuras, quando te digo em mim

Sobram-me vontades, quando me penso em ti

Enquanto me faltas, insinuo-me em poesias

São meus versos ressonâncias de ti

Melodias inequívocas, que te dedilham

Entrelaçando sensações e gestos

Que cedem as confissões do recordar

Apascenta-me o percorrer das minhas mãos

Pela alameda das letras, onde vou esculpindo

Horizontes apenas pretendidos e sonhados

Sussurrando e afagando as metáforas

Que nem sempre as linhas adivinham

Nada sei dessas tuas distâncias de mim

Não assimilo ou percebo esta ausência

Nem qualquer hiato no saber de ti

Guiam-se para ti os barcos do meu pensar

Quando em qualquer rota, destino-me

E sinto em mim tua boca tão próxima

Que a ânsia do meu beijo, mistura-se ao teu

Meus mapas somente conhecem os caminhos

Onde nossos olhares se unem

Em algum lugar chamado saudade

© Fernanda Guimarães

Fernanda Guimarães
Enviado por Fernanda Guimarães em 14/09/2006
Reeditado em 25/08/2008
Código do texto: T240374