PORQUE ESCREVO

 
Escrevo porque não sei falar sobre o que vejo,
Não sei explicar o que ouço,
Não sei dramatizar o que sinto.
Não sou como os passarinhos no galho da mangueira,
Não sou como a mãe-borboleta com seus lagartinhos,
Eles sabem ...aos teus ouvidos cantar, protestar.
 
Escrevo porque tenho medo.
É medo de te encarar. 
Não sou como é no palco o artista,
Não sou como é no trapézio o equilibrista,
Tenho pânico à crítica que há
No teu riso, no teu olhar.
 
Escrevo porque sou teimosa.
Teimo em convencer-te, em catequizar-te.
Quero que reverencies o verde.
Não faço como o líder religioso, mas sou teimosa;
Não faço como o político, mas sou teimosa.
Teimo como teima a gosma da babosa.
 
Escrevo porque perdi a ilusão:
Não és uma cópia do Criador;
Tampouco és como é meu cão;
Não floresce em ti a capuchinha.
 Desisto! Não saberás o que é amor.
 
Escrevo porque há calafrios no meu coração;
Percorrem meus vasos, músculos, ossos.
Sequestram meu sono,  fome,  paixão.
Há sede e um vão... cheio de palavras vãs.
Eu as rabisco, mas nem ao teu encontro vão.
 
Escrevo, porque quero saber
Se ouvirás minha voz,
Se ouvirás meu lamento,
Quando nada mais te restar
Senão me ler.
Bsb, 28/07/2010

Sandra Fayad Bsb
Enviado por Sandra Fayad Bsb em 29/07/2010
Código do texto: T2405511
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