Vampirismo de mim

Hoje não tem vento na janela

Não tem incêndio no canavial

Hoje o meu tédio não tem graça

Hoje eu não me disfarço com palavras,

que escondem minha natureza morta

Hoje me desfaço do meu EU profundo e eloquente

Aquele EU que aguçava minhas auroras

e aguava com sonhos as minhas memórias

Aquelas que construiam meus áridos castelos

e acendiam meus cigarros de queimar-me em Ícaros

Hoje eu divago à beira de abismos

Estes que me tragam dia-a-dia, que me sorvem

que consomem minha carne em banquetes de vampiros

Enquanto eu me viro

Em tantos EU quanto sejam preciso

Para preencher o imenso vazio de mim