O Presidiário

A minha frente grades enormes

Ao sul cortinas de tijolos queimados

A luz em conta-gotas invade pela fresta

Sem nenhuma alegria o sol, penetra.

Neste submundo imundo onde vivo

Sonhos de liberdade invento

Intenção minha passar rápido o tempo

E a dor da tristeza do isolamento.

Nas paredes sujas rabiscadas

Uma mensagem de amor me acalenta...

Que injustiça essa justiça

Lacra-me e o criminoso inocenta.

Meus pensamentos navegam distantes

Na incerteza de um dia poder provar:

Sou inocente, sob tortura confessei.

Esperança no resultado do DNA.

Neste cárcere a traçar planos inatingíveis

Embalando a agonia de minha sina

Nada acontece, tudo se cala

Sentença longa me alucina.

Solidão que me consome o coração

Sem minha família, longo deserto

Tudo tão longe, mesmo tão perto.

Desmembrado rejeito a própria vida.

Nesta desilusão infinita

Sem luz e sem luar

Viver pra quê? Para quem?

Digo adeus, vou para o além.

Juraci

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Juraci Oliveira
Enviado por Juraci Oliveira em 12/06/2005
Código do texto: T24107