O ABISMO
Vejo uma fenda gigante
Que se forma adiante
E eu relutante não consigo recuar
Uma sensação terrível
Um temor indescritível
Implacável em me condenar
Tenho a sensação de abandono
Sou vida em cascata, eu desmorono
Em meio à noite, sem sono, a solidão
Sinto a alma na penumbra
Onde o corpo se afunda
A paz se vislumbra como algo principal
Veja a tudo como se fosse inédito
Exceto a vida, ora sem crédito
Não há remédio pro meu sentimento
Vejo as coisas em ângulo inverso
Pelas dores a que estou submerso
E o reverso, vagaroso e lento
Não, Deus não tem me abandonado
Sou eu que estou só, isolado
Está evidenciada a minha imperfeição
Eu sou pétalas murchando
Da flor se desprendendo
Longe voando o beija-flor
Agora a vida é mais presente
É contraste, é relutante
Nesse instante de tamanha dor
E eu abismo, solidão
Se sou riso, sou ilusão
A imperfeição do ser que sou