O ABISMO

Vejo uma fenda gigante

Que se forma adiante

E eu relutante não consigo recuar

Uma sensação terrível

Um temor indescritível

Implacável em me condenar

Tenho a sensação de abandono

Sou vida em cascata, eu desmorono

Em meio à noite, sem sono, a solidão

Sinto a alma na penumbra

Onde o corpo se afunda

A paz se vislumbra como algo principal

Veja a tudo como se fosse inédito

Exceto a vida, ora sem crédito

Não há remédio pro meu sentimento

Vejo as coisas em ângulo inverso

Pelas dores a que estou submerso

E o reverso, vagaroso e lento

Não, Deus não tem me abandonado

Sou eu que estou só, isolado

Está evidenciada a minha imperfeição

Eu sou pétalas murchando

Da flor se desprendendo

Longe voando o beija-flor

Agora a vida é mais presente

É contraste, é relutante

Nesse instante de tamanha dor

E eu abismo, solidão

Se sou riso, sou ilusão

A imperfeição do ser que sou

José Cardoso
Enviado por José Cardoso em 04/08/2010
Reeditado em 10/11/2016
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