Viver por partes
Deixou a vida para trás
Deixou o amor de lado
Presente, só seu passado
Mas de habilidades capaz
Brilhava o chão com carinho
O quadro nunca em desalinho
Polia e lustrava cada talher
Fazia de espelho a colher
Vivia sem amor a mulher
Tanto limpou para esquecer
Mas o corpo passou a querer
Menos limpeza, menos pureza
O corpo antes tão imaculado
Fez-se de copos e vícios tocado
em camas, becos e gramados
do seu passado, dos seus afazeres
ora trocados por tantos prazeres
almas gêmeas, mostrava-se a fêmea
quando um lado da alma surrupia
deixando a outra parte vazia
vive-se uma fração, a outra silencia