Viver por partes

Deixou a vida para trás

Deixou o amor de lado

Presente, só seu passado

Mas de habilidades capaz

Brilhava o chão com carinho

O quadro nunca em desalinho

Polia e lustrava cada talher

Fazia de espelho a colher

Vivia sem amor a mulher

Tanto limpou para esquecer

Mas o corpo passou a querer

Menos limpeza, menos pureza

O corpo antes tão imaculado

Fez-se de copos e vícios tocado

em camas, becos e gramados

do seu passado, dos seus afazeres

ora trocados por tantos prazeres

almas gêmeas, mostrava-se a fêmea

quando um lado da alma surrupia

deixando a outra parte vazia

vive-se uma fração, a outra silencia

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 05/08/2010
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