Tudo ou nada
Tudo que tenho a dizer
mostra-se na foto do poema.
Enquanto me fecho entre quatro paredes
ele escancara-se no ousado verso...
abrindo as portas da câmara escura.
Faz-se, então, ferida exposta na flor entreaberta...
lágrimas abundantes inundando o recanto intocável.
Palavras incontidas demolindo o silêncio de pedra
Gesto brusco assustando o pássaro desavisado...
Inevitável revelação à crua luz da manhã...
burlando o frio aconchego da madrugada.
Enquanto o mundo se move...previsivelmente
ele prossegue, implacável, no seu refrão do "tudo ou nada".
Só não se percebe tão romântico e anacrônico...
Quando,lutando para resgatar a mais ínfima poesia,
tão cuidadosamente a retoca,ignorando o tempo
e a velocidade insana dessa vida digital.