Tudo ou nada

Tudo que tenho a dizer

mostra-se na foto do poema.

Enquanto me fecho entre quatro paredes

ele escancara-se no ousado verso...

abrindo as portas da câmara escura.

Faz-se, então, ferida exposta na flor entreaberta...

lágrimas abundantes inundando o recanto intocável.

Palavras incontidas demolindo o silêncio de pedra

Gesto brusco assustando o pássaro desavisado...

Inevitável revelação à crua luz da manhã...

burlando o frio aconchego da madrugada.

Enquanto o mundo se move...previsivelmente

ele prossegue, implacável, no seu refrão do "tudo ou nada".

Só não se percebe tão romântico e anacrônico...

Quando,lutando para resgatar a mais ínfima poesia,

tão cuidadosamente a retoca,ignorando o tempo

e a velocidade insana dessa vida digital.

Mareluz
Enviado por Mareluz em 06/08/2010
Código do texto: T2421600