Cal

Cal

Sandra Ravanini

Aferrenhar-se à deixa que insiste

no absinto em fúria, e da cal escoar

o gesso das mágoas, meu nulo par,

endurecendo com a face em riste.

Abater o pó dessa comunhão

e trair os olhares da retina,

secando o pranto da fé salina

no chão que decanta a minha extinção.

Afagar as sobras dos cios extintos

ironizando a tez da salvação

se burlando a descrente em sangração,

o cálice onde o nada assombra o instinto.

Transpirar no mar dessa inundação

caminhando na água do sonhador,

cultuando mil flagelos, ah senhor!

e afogar no cálice da ilusão.

09/01/2009