Dinastia

Dinastia

Sandra Ravanini

Risse da cena no átrio à queda da dinasta

rasgando os vivos papéis da tosca coragem

esquecendo o sempre, o véu da ré estiagem

dessa vida de nada, sem dó, assim, sarcasta.

Por conseguinte... morte aos plurais inimigos

e aos lesionados peitos ditando os romanços

arguindo as poucas horas dos citados mansos,

mendigos do chão sem chão, sem céu, sem abrigo.

Silenciasse a cancela aberta, tranca mais jus,

daquela boca contando os medos nas vielas,

medo das vozes, negrume que em mim revela

o céu e todo ontem, todo antes, todos os “jesus”!

Soubesse agora encenar a mentira bela

e sem fim, desentranhar essa desconfiança

sentir o invisível e a intocada romança

milagrando os anos no palco das sequelas.

Por conseguinte... legar da dinastia o ouropel;

iludir a cicatriz, esse moinho em moagem,

rodando solitário na manha em estiagem

cedendo a derrota no adeus final do papel.

06/03/2009