Impeça-me
Não me deixe ir sem dizer
O que vim contar e fazer
Porque será um ir, um partir
Pra onde não me podes seguir.
Quero cantar a canção perfeita
E ser de sua alma a eleita
Como oração e encantamento
Do coração puro sentimento.
Preciso falar dos sonhos de amanhã
Semeados no ontem de um hoje sombrio
Em meados do outono de um dia frio
Da branca geada nos pés de maçã.
Tenho de fazer acontecer agora
Porque o tempo se escoa, inexorável
e toda a vida adormece lá fora
sob o gelo do glacial implacável.
Impeça-me mais uma vez
De lançar-me ás incertezas
E naufragar com elas
Sem esperança ou mercê.
Impeça-me de me perder de mim
Sem me encontrar em você
De não ter dito que sim
Mesmo sem saber por quê.
Impeça-me, eu te peço
De ir por onde desconheço
E não seguir por onde devo
Impeça-me porque eu não me atrevo.