À MARGEM DO RIO EU CHOREI

Tanto quanto a auto impossibilidade é a covardia com que

[se conduzem jogos pobres,

sanguinolentos sacrifícios que impossibilitam a reprodução

[da própria fauna,

dorso abstrato sem alma armado com fuzis e escopetas,

apunhalando covardemente o inimigo indefeso inocente,

cuspindo no próprio prato que um dia já foi vazio,

tão vazio quanto e espírito oco, pobre, ignorante.

À margem do rio chorei e rezei pelas árvores infrutíferas,

para que Deus lhes dê luz e sabedoria pelo caminho

[escolhido,

o qual é obscuro e hipócrita, como padres que pregam

[regras cobiçando putas.

Que estas lágrimas sirvam de consolo para minha

[inconseqüência,

e que meu talento de fazer qualquer coisa não seque neste

[cálice

de inveja e materialismo que os baús vertebrados abrigam.

Minhas lágrimas não são aflitas nem tão quão sinceras

quanto as preces que alimentam minha própria esperança,

singelas e solenes parecem irupções de ira que escorrem

[pelos olhos,

alimentando a rebeldia inacabada por culpa do compromisso,

que obriga-me a suplicar sobre meu orgulho contundente,

e espremer o que penso nestes versos cépticos.

À margem do rio chorei e rezei pelo meu próprio destino

[dentre estas infrutíferas árvores.