SE O QUE VEJO...

SE O QUE VEJO...

se o que vejo

não é o que percebo

nada mais concebo

além de imagens

porque tudo que vejo

parece-me ao mesmo tempo

invisível e vulnerável

no que concerne à realidade

talvez minha forma

sintética de tocar os olhos

n’algo que seja por vezes

mais simples do que parece

estaca uma percepção

mais voltada à complexidade,

talvez sejam meus olhos

que procuram o fantástico

e nesta decepção

acabam por encontrar

uma enfermaria cheia

de doentes terminais

de qualquer forma

a razão pela qual

desconheço as

maleabilidades

nossas, enfermeiros,

venha a causar todas

as tangentes em que

o mundo se escapa,

o que não vem a ser

nem bom e nem ruim,

e sim normal e exato,

pois nada se exalta esbelto

sem antes otimizar

aquilo que lhe for cabível,

a realidade lógica

é que pela necessidade

de nos ampararmos frente

ao desconhecido veemente e perene

nos deparamos com o próprio

senhorio de si mesmo

onde o eu é o grande

superior e o meu

é o que vem veludar

o seu sentido de rei

são os compassos humanos

que circundam o

círculo vicioso

de encontrar culpados às nossas tragédias.