[sem título]
é, minha poesia passou do rococó francês ao minimalismo brasiliense:
eu não dou a mínima...
o que era rebuscado e belo foi roubado de mim aos poucos, a vida
quando menos percebemos,
tem vento e mãos sorrateiras.
eu escrevo com um desespero que, sei lá se é ódio
ou a constante solidão-horror
eu bebo uma cerveja e fumo um cigarro, como quem não dá a mínima
sendo tolo e suicida, como sempre
na luz artificial do meu quarto vazio
que serve somente para gritarmos e ninguém nos escutar
dentro da poesia, eu escrevo
reencarnando Bukowski mas sem a menor esperança
e com maior pequenez diante do mundo
quando nada mais tem solução
até mesmo a poesia, sim, até a poesia encontra a morte;
até mesmo a poesia encontra a morte.