Paixão
Fosse falar de paixão,
falaria de lava:
lava que traga a vida, os corpos, tudo.
Falaria do próprio vulcão,
que assusta, que atrai,
que jorra e expele,
q devora tudo que o cerca.
Suas cinzas obscurecem
o céu, o sol, o ar, os homens.
Essas cinzas que restam no fim do paixão,
esse fumo negro que cega e liberta.
A água, transparente, envolvente, fresca, mãe da pureza,
[serve bem ao amor.
À paixão, não: a paixão é lava;
é um passeio à beira do vulcão que está quase em erupção;
é como subir ao seu topo e fazer ecoar dentro dele
[gritos de desejo.
Ou calar-se, deitado, quieto, de olhos fechados, no chão:
dormir e sonhar com ela, enquanto avança a lava,
a qual tornar-me-á eterno.
PS. Resposta a Fernanda Sier.