Moradia...

Fiz do meu corpo a morada do silêncio... Das vezes que rompi comigo... Daqueles medos.
As folhas em branco... A sintonia comigo... Nada de fogos de artifício.
Magia e luz... Ondas e palavras... Música e dança... Um traço.
Marginal de mim, olho as ruas e nasço ao colher da lua... Apenas fico. Sou o rastro das palavras do dia... Um vulto para guardares na memória... Reflexo do que colhes... Curvas e salivas.
Percorro os sonhos... Ando nas nuvens e histórias que acalentas... Depois, volto a ficar comigo... Meu abrigo.
Pensei nas colheitas do trigo... Das flores que brincam em meus cabelos... Corri solta e livre, nas conversas com o travesseiro.
A espera do presente... O fazer do dia o presente... Não ditar nem regras, nem jogos... Mergulhei. Assim aprendi... Agora, guardo-me.
Moradia vasada... Sem paredes... Apenas escadas... Nossa vida, em migalhas.
Saio, em voltas, feito vento... Não reflito mais nenhum lamento... Fugirei pelas estradas do tempo...
Fluxo do que lembrará a retina... Passo... Um dia passei pelos cantos dos teus olhos... Um dia, fecharei os meus... Nenhum lamento... Fina arte e saber viver em partes rasgadas.


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