COLEÇÃO DE SEMENTES

Euna Britto de Oliveira

Site de Poesia: www.euna.com.br

Desgosto e desgaste,

o primeiro é pior.

Como soldadinhos de chumbo,

foram todos derrubados, os que morreram...

A tinta fresca cala a boca das paredes

que têm coisas graves pra contar, gravadas...

Acaba de viver ou acaba de morrer querem dizer a mesma coisa.

A moça bonita está usando marido francês.

Minha mão tem tantas linhas!...

Pena que eu não saiba ler!

Entre oito e oitenta, quarenta!

Descrevo um sentimento,

descreio.

Em vão, tento recriar o recreio

que a sua presença fazia dentro de mim.

Recuo e sigo minhas próprias pegadas,

na tentativa de reencontrar o que foi felicidade...

Eu fiquei comum, você ficou comum,

viramos lugar-comum.

Êh, vida!...

Não somos feitos à prova de desencanto.

Agora, cultivo acanto.

Vou até ver se a mudinha de acanto que ganhei na Europa pegou!

Dará espinhos, sim! E flores!...

Dará folhas que inspiraram a um arquiteto

a ornamentação das colunas sagradas dos templos de Atenas...

Não sou uma mulher sem poesia,

mas estou sem música!...

Euna Britto de Oliveira
Enviado por Euna Britto de Oliveira em 19/09/2006
Código do texto: T244439