O primeiro dia um

de manhã olha o espelho

que lhe devolve o olhar

com respiração ofegante

segura o pincel sem mudar um centímetro

controla a chuva

recorda o dia depois de ontem

seus desejos colhidos pela manhã

na mistura inicial do sol

enquanto ouve o vento

põe uma palavra que adoça a boca

e lembra dos quadris de Elvis Presley

no meio de tudo

um amor sem etiqueta

sem sangue, dor ou tremor

continua pela casa

dentro do álbum de família

(um olhar e uma fome)

em algum momento da noite

por algum motivo

como se não combinasse com o lugar

ou fosse caminhar onde havia sol

o amor se levanta e vai embora

inteiramente vestido

de sapato e casaco

ela começa uma conversa por escrito

onde tranquila possa enraivecer

onde possa sonhar errado

a solidão entra sem bater

olha ao redor, suspira

percorre o mesmo caminho até a cama

e se cobre da cabeça aos pés

(sem sequer tocá-la)

no deserto da cama

vendo o fogo gelado arder

ela é a flor

(o medo a mantém viva)

Vania Lopez

Vania Lopez
Enviado por Vania Lopez em 18/08/2010
Código do texto: T2445967
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