Dos Escombros

(Para todos aqueles que sonham com a paz)

E do meio dos escombros ela surge

Como raio de sol ao nascer do dia,

Como a primeira nota da melodia

Que o mundo inteiro quer compor.

Como o primeiro verso da poesia,

O primeiro riso da alegria,

A primeira cena do autor.

Novamente, dos escombros ela surge.

Escombros de aviões suicidas,

Explodindo fronteiras inimigas:

Raça, credo, ideologia, moral.

De conquistas narradas em verso e prosa,

Do desabrochar radical da rosa,

Por duas vezes lançando seu perfume fatal.

Mais uma vez ela surge

Nas mãos dilaceradas por granadas.

Mãos nas lágrimas banhadas,

Que a tenra inocência chorou.

E ela vem acompanhada de morte,

Tentando, em vão, mudar a sorte

Das mãos que dos escombros a tirou.

E ela surge dos escombros

Nas canções, nas poesias,

Nos discursos, mas, silencia,

Pois não a querem ver.

Branca, não transparente.

Pequena, mas não ausente

Dos sonhos de quem quer crer.

Surge do meio dos escombros

E tremula, levando esperança,

Despertando o sonho na criança,

De que o mundo ainda é capaz

De ver, no outro, o criador.

E de trocar armas por amor.

Surge e vence, bandeira branca da Paz.

Délcio Mores
Enviado por Délcio Mores em 14/06/2005
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