Biogênese

As superfícies foram cavadas bem fundo

Até que fossem tocadas as veias da Terra

E que fosse possível puxá-las para fora,dobrá-las e erguê-las.

Rijas e enferrujadas,tornaram-se vergalhões

De veias fizeram-se espinhas dorsais para edifícios

Cujos elevadores se movimentam sempre roçando-as,

Fazendo atrito mortal em cada pontiaguda vértebra

Na previsibilidade surtada de seus trajetos.

Antes organismo e coordenação,

Hoje o que há está mais para uma fogueira acesa sobre projéteis dispostos a esmo.

Revezamo-nos como disparo, alvo e chama

E dependuramos veias nossas para secar:

Auto-punição e indulgência,

Para que possamos comparar com a Terra nossos coágulos e seus oceanos,

Dizendo:"Viu?Não é só você quem dói!".

Assim, erguendo bandeiras com brasões de hematomas,

Marchamos inimputáveis

Sobre leis de uma língua assassinada.

20/09/06

às 14h46

Rodrigo Fróes
Enviado por Rodrigo Fróes em 20/09/2006
Reeditado em 20/09/2006
Código do texto: T244942