Melena

Quem dera aguar um tanto

De imenso e infindo encanto

Das melenas mais cheirosas

E de cada soluço o espanto

Pudera eu, carne ferida

Afogar o tédio num copo de bebida

Bem que quis ainda, ébria

Cessar o pujante escarlate da artéria

Mas não posso e não pranteio

Ainda tenho aqui meu devaneio

E o eflúvio fiel de minhas letras

Nas linhas vizinhas, o passeio

Pois tudo em mim se resume a pouco:

__ Uma garrafa, dois charutos e um corpo

Deitado, macilento, sobre minhas coxas

A madeixa melena d’um desejo tolo.